Letras+ | Letródromo | Letropédia | LiRA | PALCO | UnDF



Compartilhar Reportar
#Notícias#Literatura e Outras Mídias

“Quarto de Despejo”, de Carolina Maria de Jesus, vai virar filme

Por Pedro Simões

15/11/2025

A clássica obra Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada, de Carolina Maria de Jesus, ganhará uma adaptação inédita para o cinema. O longa, com título provisório Carolina – Quarto de Despejo, começará a ser filmado em 1º de novembro de 2025, sob direção de Jeferson De e com Maria Gal no papel de Carolina.

O projeto é uma produção da Move Maria, Raccord Produções e Buda Filmes, com coprodução da Globo Filmes. O roteiro foi escrito por Maíra Oliveira e a produção executiva é de Clélia Bessa. A pré-produção culminou em uma leitura do texto com o elenco, que reuniu profissionais para iniciar os preparativos para as filmagens.

Maria Gal, além de protagonizar, também atuará como produtora. No elenco estão ainda nomes como Fábio Assunção, Raphael Logam, Clayton Nascimento, Liza Del Dala, Carla Cristina, Ju Colombo, Jack Berraquero e Thawan Lucas. A filmagem ocorrerá nos estúdios Quanta Rio, no Rio de Janeiro, onde será recriada a favela do Canindé nos anos 1950, cenário central da narrativa original.

A obra de Carolina Maria de Jesus, publicada em 1960, registra sua vida como catadora de lixo na favela do Canindé entre 1955 e 1960. Ainda que tenha tido apenas dois anos de escolaridade formal, ela transformou suas memórias em literatura, alcançando reconhecimento nacional e internacional — Quarto de Despejo vendeu mais de um milhão de cópias e foi traduzido para vários idiomas.

O filme pretende retratar não apenas as dificuldades enfrentadas por Carolina e seus filhos, mas também sua força, criatividade e a paixão pela escrita. A narrativa pretende destacar como a autora utilizou seu diário como forma de resistência, documentando pobreza, desigualdade social e racismo com honestidade e sensibilidade.

A adaptação cinematográfica assinala mais um momento de valorização da memória literária brasileira, especialmente dos escritos de mulheres negras. O projeto vem acompanhado do debate sobre propriedade intelectual e representatividade, já que os direitos da obra foram negociados junto à editora Ática, proprietária da publicação original.

Ainda não há previsão oficial de estreia para o filme. A produção, no entanto, tem potencial para alcançar público amplo, ao converter um dos relatos mais potentes da literatura brasileira em imagem, reforçando a importância cultural de Carolina Maria de Jesus para as novas gerações.

← Voltar← AnteriorPróximo →